Sala de Jantar

Haviam duas noites em que Mellanie não tivera contato com Vittorio. Mesmo após o loiro ter garantido que faria conexão para conversar com ela. O contato não ocorreu. O celular indicava como fora de área e não havia muito o que fazer. A noite anterior Giovanni tambem não havia dormido em casa. O italiano havia aproveitado a ausencia do irmão para saractear por ai, com toda a certeza. A mesa do café estava posta, enquanto a pequena Alli era arrumada para seguir com a mãe para a escolinha. Supervisionada de perto pelo inseparável e babão boris. E era durante o café da manhã recheado de yogurte frutas e cereal que a noticia vinha na televisão. Giuseppe moratti, segurança particular de Mellanie aguaradava parado como um poste ao lado da mesa do café, na companhia de Bruno Rossi, segurança de Alli.

"A policia ainda não sabe informar quantos foram mortos na invasão ocorrida em um acampamento da resistência. Segundo tivemos noticias, O grupo do Estado Islãmico teve seu acampamento invadido por forças militares da Siria. Os bombardeios não paravam desde a madrugada de ontem e alguns lideres foram mortos. O Estado Islâmico, antigo EIIL prometeu retaliação em um video entregue ás autoridades hoje a tarde. No video, eles alegam estar com alguns refens que serão sacrificados um a um, por culpa da intervenção americana."

E você ja podia sentir seu estomago gelar mell. O EIIL era exatamente para onde o Vittorio tinha ido resolver a questão da venda de armamento atravessada pela mafia russa.

Mas o café da manhã trazia mais surpresas quando o ruido de uma freada de carro poderia ser escutada um pouco distante.. poucos metros antes dos portões vigiados que davam acesso à residencia um carro negro parava e um corpo era atirado para fora quando a porta do fundo se abria. Giovanni, desacordado e machucado rolava para fora do carro. Os seguranças ao avistarem o pacote disparavam contra o automovel blindado que partia em velocidade, e cuidavam de levar o garoto machucado que recobrava a cnciencia para dentro de casa. Invadindo a sala levando o garoto apoiado nos ombros.

- Sra. Lewis. Acho que temos um problema. – Dizia Rocco um dos seguranças da guarita.

Claro que com a ausência de notícias na noite seguinte a última conversa deles, ela já não dormia direito. Uma noite inteira em claro, esperando ele dar notícia, para pegar no sono quando já estava quase clareando, e acordar poucas horas depois para um dia de trabalho que não queria saber se ela ia se casar com o Senhor da Guerra.

A segunda noite era ainda mais difícil, porque não dava para disfarçar seu nervosismo, principalmente quando chegava em casa e ficava sabendo que Giovanni não tinha dado as caras. E se Vittorio não atendia o telefone era bom que o irmão dele atendesse, ou...! Mellanie ficava só na ameaça e na preocupação. Porque não tinha nenhuma notícia... e nem podioa fazer nada, por mais que mandasse seus seguranças fazerem alguma coisa, cantatare o segurança do cunhado ou irem atrás de alguma notícia de Giovanni em pessoa. Eles eram irredutíveis quanto as ordens que tinham recebido de Vitto.

Então, naquela manhã, a aparência dela não era das melhores. Estava cansada, e ansiosa... e mesmo quando o corpo pedia arrego, eram os gêmeos que não davam sossego em sua barriga, quase como se soubessem que tinha uma coisa muito errada. Tentou se manter calma. Pelos bebês e por Alli, que não queria assustar. Então fazia questão de tomar café com ela na mesa, junto com sua mãe Lara também, por mais que as cadeiras vazias de Vittorio e Giovanni fossem uma tortura.

Evitou qualquer diálogo mais direto sobre o assunto, se dedicando a pequena, antes de leva-la a escola com a mãe. Porque com ou sem segurança ainda eram uma família e ela nunca ia deixar de fazer por Alli coisas importantes, como deixa-la na porta do colégio com um beijo, assim como a mãe nos cursos que a mantinham entretida ao longo do dia. E nem estava prestando muita atenção na televisão, não fosse as palavras chaves que a faziam desviar os olhos da loirinha para a tela: "intervenção americana".

E a remontagem da fala da repórter que fazia sua cabeça trabalhar rápido, já erguendo os olhos para Giuseppe. Ele tinha ouvido o mesmo que ela, não?

- Ela falou... acampamento do EI na Síria? - Perguntava, já se levantando depressa.

E por um segundo esquecia de demonstrar alguma compostura, na frente da filha e da mãe, a barriga esbarrando no copo a sua frente na mesa, e derrubando tudo, fazendo-a notar seu deslize. Lara já estava de pé, mas Mell apenas ergueu as mãos.

- Tudo bem... está tudo bem... a mamãe só... fez um pouco de caca... - Tentava desanuviar a tensão, o sorriso tenso que oferecia para Alli.

E estava a meio milésimo de segundo de pedir para a mãe levar Alli um momentinho para o quarto, quando tudo acontecia. A freada que a fazia ir imediatamente para o lado de Allison e arranca-la da cadeira. Lara que já estava colada nelas também. Os tiros tão rápidos que ela sequer conseguia se render ao instinto de se abaixar... e as portas dos fundos da cozinha que se abriam, com Rocco carregando um Giovanni estraçalhado nos ombros.

Mellanie arregalava os olhos, apertando Alli contra o corpo. Toda aquela conversa de Vitto sobre medo de que acontecesse alguma coisa com eles, fazendo sentindo. Ouviu o segurança dizer que tinham um problema, mas em um primeiro segundo, sua boca apenas articulou, sem que nenhum som saísse. Ela era uma mulher de negócios! Não sabia lidar com aquilo mais do que já tinha lidado, quando tinha sido sequestrada poucos anos antes. Mas... era com Vittorio Barletta que ia se casar, não? Então já estava ciente do tipo de escolha que tinha feito. Meneou o rosto e voltou para a realidade.

- Ali... coloca ele no sofá, na sala, por favor! - Ela dizia, o coração acelerado, a cabeça trabalhando no automático quando passava Alli para o colo da mãe - ...mãe, por favor... fica com a All lá em cima... e não sai por nada no mundo! Bruno vai cuidar de vocês.

Lara não discutia. Não agora. Sabia que a filha não podia ficar nervosa e naquele preciso momento não ia ajuda-la deixando-a contrariada. Recebeu a netinha nos braços e saiu da cozinha rumo às escadas, enquanto Mellanie tomava o caminho da sala, ajoelhando ao lado do cunhado no sofá.

- Gigio...? Gio...? Fala que está me escutando, por favor... - Ela murmurava, o rosto perto do dele, a expressão agoniada pelos ferimentos feitos no punho, aparentemente.

E o noticiario finalizava aquele quadro da noticia sobre o Iraque para dar sequencia a campanhas de Obama pelo país, pronunciamento do Chefe da Casa Branca. Alli nao entendia nadinha daquele mundo estranho que se mostrava, mas Giiuseppe sim e meneava acabeçacom igual preocupação Mellanie.

- Parece que sim, Sra. – Ele avisava, tentando escutar o que mais poderia ser dito. Era hora de entrar em contato com os contatos da Mafia hm? E ver oque podia ser dfeito. Só podia ter dedo dos russos naquela chegada inoportuna.

Mas os pensamentos eram cortados quando o ruido do freio e dos tiros eram ouvidos, Automaticamente giuseppe e bruno tomavam posição com as armas em punho. Sinalizavam para que Mellanie, Lara e alli ficassem entre as paredes do corredor, mas os seguranças entravam com Gigio, quebrado daquela forma. Rocco escutava Mellanie indicar onde o garoto deveria ser colocado e assim era feito. Os gemidos de Giogio podiam ser escutados Quando ele era colocado o envelope que caia do bolso aos pés de Mellanie quando ela aproximava o rosto para chama-lo. Gigio tossia um pouco antes de tentar colocar-se sentado, mas o abdomen doia. Tinha a boca partida, sangue e hematomas por todo o rosto.

- onde eu.. onde eu to?! – perguntava. Uma noite sem dormir sendo espancado tiraria o espaço tempo de qualquer um. E perguntava em italiano claro. A boca doia, o rosto doia, o olho doia, o corpo inteiro. – Eles.. eles vão me matar. Eu preciso de dinheiro. – falava tudo as pressas. – Eu tenho que paga reles Mellanie. Eu. Preciso. – pedia segurando ela pela gola da camisa, sujando a roupa da mulhe de foligem e sangue. Ah e era só uma divida mell. Vocês são ricos, tem bastante dinheiro. Basta você abrir a carteira.

- Quem fez isso com você, Giovanni? – Giuseppe perguntava, pegando o envelope no chão e entregando para Mellanie.

E a tremedeira quando vinha a confirmação, a mão que segurava na borda da mesa quando apareciam as bolinhas pretas embaçando a vista. Mas o mal súbito ficava para depois, quando ouvia a freada, a troca de tiros, e antes que pudesse perceber, estava cercada pelos seguranças, Alli no colo, grudada pelo braço livre com a mãe. O que estava acontecendo?

A resposta vinha com Rocco trazendo Giovanni nos braços... e mesmo meio tonta, soava bastante firme quando despachava Bruno com Alli e a mãe para cima, abaixando-se ao lado de Giovanni ali no sofá. Estava todo arrebentado, meu Deus! Por onde tinha andando? Mas nada daquilo parecia ter importância, até que ele fosse capaz de entende-la. E o salt que o coração dava quando ele perguntava onde estava.

- Em casa...! - Ela respondia, tentando manter a voz firme. E a mão que já segurava a do cunhado para transmitir segurança - ...você esta em casa, Gio! Está tudo bem... - Tentava tranquiliza-lo.

Mas não devia haver forças no mundo capaz disso, porque ele já disparava. Precisava de dinheiro? No que tinha se metido? Trocava um olhar com Giuseppe, antes de se voltar para o Barletta mais novo.

- Calma... está tudo bem... eu vou dar um jeito em tudo... - Murmurava.

Mas a tática do seu segurança não era tão compreensiva. E a voz firme que fazia a pergunta que não queria calar, independente do estado dele. Ia pedir calma, quando ele lhe entregava um envelope... a expressão de quem não estava entendendo nada... até perceber que aquilo tinha vindo com Giovanni. Abriu imediatamente.

- ...Nós precisamos de um médico... um desses, da confiança de vocês, para cuidar dele... - Sentenciava, os olhos se dividindo entre o cunhado e o conteúdo do envelope. E aquela era uma ordem pro primeiro ali que tivesse só assistindo. Rocco, talvez?

Giovanni abria o olho menos machucado, vendo a imagem turva de Mellanie a sua frente. Só então a voz dela penetrava em seus ouvidos brigando com o zumbido que fazia ali. Talvez pelo sangue que escorria dali tambem. Tinham pego o garoto com vontade.Tentou levantar de novo mas a dor e a mão de Mellanie impediram. Ela dizia que ele estava em casa e só então relaxava o corpo, reconhecendo parte dos homens que ja cercavam a casa. Ouvia a cunhada dizer que dria um jeito em tudo e o leve apertar na sua mão era sentido Mel, como se ele concordasse com o que você dizia. Embora a pergunta de Giuseppe o fizesse calar a boca por mais alguns segundos.

- Uns caras pra quem eu estou devendo. Eles tomaram meu carro. E me bateram quando viram que eu não tinha nada mais comigo.

Era evasivo na resposta porque tinha noção do rebu que sua vida ia virar quando soubessem quem eram os credores e PORQUE ele estava devendo. Mas ainda que a boca de Gio nao contasse as letras que estavam desenhadas no papel que o envelope continha eram bastante explicitas. Havia uma conta matemática que indicava algo como " É nosso ultimo aviso, e vai por escrito pra você não esquecer, Barletta. Nos devia 25.000.000 pelas apostas. Como nao pagou tem o juros de 10.000.000 até o momento emque escrevemos este bilhete... o taximetro continua rodando e sua divida crescendo. Desta vez o carro pagou parte do juros, da proxima vez, quem sabe um rim ou um figado seu nao pague outra parte. Estamos perdendo a paciencia. - Nevski"

Apostas. Poker e lutas ilegais. A grande diversão da noite, regada de putas, drogas e bebidas para Gio, tinha um preço elevado. Ele contava com a boa sorte para jogos de azar, mas faltava malicia para começar a aprender que em termo de jogos, a banca sempre ganha no final.

Mellanie pedia por um medico da mafia e Rocco atendia o pedido de imediato sacando o celular e efetuando a ligação. Dr. Jacoob Mach atendia a ligação e informava que ja estava indo. O nome Giovanni Barletta como paciente fazia ele acelerar o passo para chegar ainda mais rapido a residencia de Vittorio.

Dr. Jacoob Match :

E ela ficava ali, inclinada sobre ele, ansiosa por respostas, qualquer uma que fosse, até sentir o aperto na mão. E o fato do porque ele estava todo estrupiado daquele jeito. Ele estava devendo dinheiro? Conhecendo Giovanni e vivendo por aqueles meses na mesma casa que ele era o suficiente pra saber que ele tinha feito merda. Meu Deus! Meu Deus! Meu Deus!

E o gosto ruim que sentia na boca quando apanhava o envelope, enquanto Rocco ia atrás de fazer o que ela tinha pedido. Os olhos verdem corriam as letras... o estômago revirando... e a mão que soltava a de Giovanni para levar aos lábios. Os russos? OS RUSSOS Giovanni?

Mellanie se levantava, andando de um lado para outro por um segundo, se sentindo tonta... Se eles estavam se atrevendo a fazer aquilo com Giovanni... no mesmo dia em que ouvia sobre a invasão do síria, os reféns feitos pelo EI e a tomada do exército americano. E a certeza de que Vitto estava em algum lugar em mãos inimigas... e talvez... NÃO! Segurou a barriga quando sentiu uma pontada ali, virando-se para Giuseppe.

- Seu segurança, Gigio. Onde ele está? - Ela perguntava, a cabeça a mil.

O homem que a perdoasse, mas era quase uma pergunta de tabela, para não precisar parar de pensar e enfrentar o medo das conclusões a que tinha chegado. Os russos sabiam ou tinha orquestrado a derrocada da viagem de Vitto, e estavam mandando outro sinal, enviando Giovanni pra casa daquele jeito? Estavam querendo comprar uma briga e tinham dado um jeito de tirar Vitto da jogada. O mundo girou e ela se segurou ali no encosto do sofá pra não cair, piscando forte para se manter firme.

Vitto nunca deixaria barato aquela agressão ao irmão, não em tempos de guerra... não quando o pai tinha insistido para ele reconquistar o espaço dele ali nos EUA. Mas cabia a ela alertar a maldita famiglia? O que ela tinha que fazer? A presença do médico que chegava na velocidade da luz cortava seus pensamentos. E estava segurando tão forme ali no sofá pra não perder os sentidos que os nós dos dedos estavam brancos. Mas pelo menos, uma dos problemas de Giovanni ela ia resolver. E o menor deles era sua dívida, italianinho.

E estava tão acelerada que não tinha tempo de se surpreender que o médico do escândalo com o fã de Cameron era da... máfia? Respirou fundo e não se atreveu a deixar a fortaleza do sofá, soltando uma mão apenas para segurar na barriga, que parecia estar pesando muito mais do que o costume.

- Dr. Jacoob...? Obrigada por... ter vindo depressa. Giovanni... ele... - Mas nem terminava de falar. Estava bem claro que ele precisava de cuidados médicos. Já ela...

O clima na casa não podia estar dos melhores. Giovanni naquele estado não era uma noticia boa, e o garoto tentava erguer-se, mas devia estar com alguma coisa quebrada, talvez uma costela ou duas, porque a tentativa de erguer o tronco era excessivamente dolorida e até respirar se tornava insuportável.

Giuseppe reunia os outros seguranças da casa, precisava dar ordens de segurança dobrada e se Mellanie ainda insistisse em levar a pequena Alli para o colegio o plano de vigilância deveria ser refeito.

- Senhora. Não acho prudente levar a pequena Alli para o colegio hoje. Não antes de averiguarmos o que aconteceu...

Ele dizia para Mellanie, como um conselho de alguem enfiado ate o ultimo fio de cabelo naquele tipo de vida. Ela perguntava a Giovanni pelo segurança dele. Ele não sabia. A ultima vez que tinha visto o segurança foi quando entrou no galpão. Seguranças ficavam do lado de fora, era esse o procedimento sempre.

- Eu não sei... Eles me pegaram, eu não sei. – dizia tentando puxar pela memoria, tentando lembrar se durante as horas que passou sob tortura lembrava do rosto ou de onde podia estar o segurança.

O medico chegava, e Mellanie fazia menção de ir falar com ele, mas Gigio a segurava antes que ela pudesse se afastar.

- Não conta nada pro mio fratello. Per favore. – Pedia segurando o mais firme que os dedos machucados deixavam fazer.

Jacoob era conduzido até a sala. Sempre no mais alto sigilo. Ainda ssim, com tantos anos trabalhando para a organização, nunca antes ele precisou atender na casa de Vittorio. A sujeira tava chegando até a residencia da familia? É.. a situação dos Barletta estava começando a ficar complicada.

- Srta. Lewis. – Jacoob a cumprimentava aproximando-se de Gigio. A maleta era colocada no chão. – Deixe-me ver isso. O que aconteceu?

Esperava que alguem lhe dissesse o motivo das escoriações, embora sua experiencia gritasse, surra. Constatava ao menos duas costelas quebradas, precisaria remove-lo para o hospiral para se certificar e fazer uma tomografia. Mas adiantava o que podia com os machucados. Er preparava o prontuário para dar entrada como um acidente de moto. Sem grandes pergutnas dentro do hospital. Voltava-se para Mellanie.

- Melhor levarmos ele para o hospital. E melhor nao avisar a ninguem onde ele vai estar internado.. e colocar alguem na porta do quarto. – Ele deixava o conselho. Achava que você era nova neste ramo Mell. – E você está bem? – Perguntava, ja que estava grávida. Era melhor tomar cuidado tambem.

- É claro que ela não vai para o colégio hoje...! - Mellanie cortava, nervosa.

Não leva a mal, Giuseppe... mas temos de convir que era muita coisa acontecendo ao mesmo tempo com uma só mulher, ainda por cima grávida. As variações de humor e toda aquela avalanche de más notícias caindo em cima dela em menos de cinco minutos. Mas ela respirava fundo e mudava o tom para pedir que Alli e a mãe fossem mantidas bem protegidas no andar de cima da casa, enquanto se curvava para ver Giovanni.

E ver o rosto dele deformado daquele jeito pela surra... revirava o estômago dela. Mas não mais do que saber com quem aquele garoto insano estava se metendo. Os russos! E o pedido de Gigio não podia pega-la mais atravessado. Não contar para Vitto? Os olhos se enchiam de lágrimas. Ela queria realmente ter essa opção. Saber que se desse um telefone, ele ia estar ali. Mas não. Não respondeu o cunhado ou se trairia... e não ia chorar na frente dos homens do seu futuro marido. E apesar da raiva, da frustração e do mal estar que se assomava, não conseguia deixar de segurar a mão do italianinho. Ele era irmão do Vitto... era seu irmão também. E ele estava precisando dela, então ela ia ser forte por ele. Ou minimanente tentar.

Se mantinha firme no sofá com a mão livre, vendo a figura embaçada do médico se aproximar. Um menear de cabeça e o respirar fundo deviam ser o suficiente para espantar as lágrimas e recebe-lo. Não fazia ideia do procedimento, mas fosse como fosse, a informação de quem tinha feito aquilo era guardada, por enquanto. Limpava a garganta, mas falhava miseralmente a falar, a voz embargada.

- Uma... surra.. - Ela completava os pensamentos do médico. Mas parecia se apavorar diante da possibilidade de irem a um hospital e se separarem. Tanto ela de Giovanni, se ele fosse sozinho, como ela de Allison e de sua mãe - ...Hospital não! - Dizia antes mesmo de ouvir os conselhos - ...por favor... faço qualquer coisa para ele ser tratado aqui... por favor... - Pedia à Jacoob, a voz deixando escapar as notas do desespero que estava sentindo interiormente.
Não chegou a ouvir a pergunta se estava bem. Mas... ela parecia bem, doutor?

E as providencias para cuidar da ausencia de Ali no colegio eram tomadas, a segurança de Lara tambem era avisada, devido ao ataque os cuidados seriam redobrados. A movimentação da casa indicava que a situação era ainda mais complicada do que Mellanie poderia supor. Giuseppe cuidava de dar as ordens para que qa guarita fosse reforçada e que não fosse permitido o acesso a propriedade com pelo menos 100m na estrada.

Gigio pedia para que Mellanie não contasse a seu irmão e a tosse que vinha em seguida mostrava que as tentativas de movimentos que ele fazia pioravam ainda mais o estado em que se encontrava. Dr. Jacoob enfim chegava para avaliar o garoto, percebia a gravidade das fraturas e queria descartar uma perfuração do pulmão ou algo ainda mais grave, solicitando a remoção, mas Mellanie intervinha, ignorando a pergunta feita sobre seu estado.

- Vittorio, onde está? – Perguntava antes de responder sobre o pedido que ela fazia. Olhava ao redor e ao estado do garoto. Teria que mover uma UTI movel até o lugar ele respirava exasperado concordando com um meneio de cabeça., retirando o celular do bolso para fazer a ligação. Precisava conectar as pessoas certas para assim evitar os urubus jornalistas que viviam atras das UTIs moveis em busca de noticias de desastres e assassinatos.

- Vamos cuidar dele aqui, - sinalizava para dois dos seguranças que estavam na parte interna da casa – Vou improvisar uma tala para que possamos remover ele para o quarto, me ajudem aqui. – e assim fazia, improvisando com os seguranças cuidava de levar Giovanni para cia e despi-lo para avaliar a extensão dos machucados e hematomas. Apos algum tempo a UTI chegava e era direcionada para a casa grande. Os procedimentos eram feitos e a fratura das vertebras era constatada. Jacoob deixava um Giovanni adormecido voltando para a sala onde Mellanie estava.

- Srta. Lewis, ele já está medicado, terá que ficar imobilizado, houve a fratura de duas vertebras, mas alem disse e das escoriações, está tudo bem com ele. – Ela estava gravida e eple pensava em como falar as coisas, nunca havia tratado de assuntos deste tipo com a noiva de Vittorio. – Eu suponho que saiba o tipo de negocios que Vittorio trabalha.. e o que acarreta ferimentos deste nivel... Se eu pudesse lhe aconselhar, na ausencia de vittorio eu lhe diria para procurar alguem..

Claro que a expressão dela só piorava a mínima menção de Vittorio, fazendo-a piscar várias vezes, a cabeça que meneava negativamente várias vezes, antes de conseguir responder.

- Viajando... - Murmurava em resposta.

Entende a gravidade da situação agora, doutor? E claro que ela fazia o pedido... ainda não era duas, não conseguiria se dividir de modo a ficar tranquila sobre a segurança de todos os membros de sua família... e no meio do caos ao menos um alívio, quando ele concordava e já se mobilizava para conseguir o que Giovanni precisasse para o tratamento em casa.

E claro que tentava acompanhar a remoção de Giovanni para o quarto, bem como os exames... mas estava tonta e pálida demais... e não queria chamar atenção sobre si, ao ver que não era seguro deixar sua fortaleza atrás do sofá.

E aproveitava a ausência de todos para se desesperar em paz, chorar e tentar o número de emergência de Vittorio, sem sucesso, claro. De modo que quando Jacoob voltasse a encontraria sentada no mesmo sofá em que vira Giovanni, apertando o celular em uma mão, o rosto na outra. Este que só era erguido ao ouvir seu nome. E podia ver Jacoob que ela tinha chorado nesse meio tempo, o rosto ligeiramente inchado, a maquiagem sutil borrada aqui e ali. Mas ela se levantava assim que o via, o que a fazia se arrepender no momento seguinte. Cambaleava, mas respirava fundo e se mantinha de pé, forte como deveria ser.

- Como ele está...? - Perguntava.

As notícias não eram de todo boas, mas dada a situação, poderia ter sido muito pior. Ainda assim, ela não conseguia suspirar de alívio, tensa demais. Mas não conseguia deixar de mostrar certa surpresa, quando ele iniciava aquele assunto. Porque você podia analisar como por todo o procedimento adotado, ela sabia bem no que estava metida, doutor. Por outro lado, estar desamparada por Vittorio a deixava sem chão. Perdida. Mas quando ele deixava aquele conselho, era como se pudesse ler a mente dela.

- Quem...? - Perguntava, sem contextualiza-lo do mínimo, ainda. Não sabia se queria ou se podia começar uma guerra.

Jacoob deixava dois enfermeiros aos serviços da familia. Deviam velar e cuidar do ministrar da medicação de Giovanni. Ele não iria acordar nas proximas 10 horas mas para garantir no caso de qualquer alteração no quadro. Seguia até Mellanie no sofá da sala e a palidez era notada Mellanie, tanto quanto seu cambalear. Aproximou-se para ajudar a ampara-la.

- Sente-se, precisa decansar um pouco. Como está se sentindo, Sra. Lewis!? – Perguntava tentando guia-la para o sofá, e sentaria na primeira cadeira que achasse proxima ao sofá, os olhos nos dela. - Podemos fazer alguns exames para ver se está tudo bem com os bebes, aproveitando que a UTI está a disposição aqui na casa. – Ele dizia enquanto tentava acablma-la.

A resposta sobre Vittorio estar viajando ele entendia. Não era um bom momento para deixar a fortaleza sem os olhos do tigre. Ele ja havia sido chamado para atender alguns membros dos Corleone que haviam sido atingidos em uma batalha direta com os Prokhorov, e agora Giovanni.

Giuseppe aproximava-se para se manter proximo a Mellanie em caso de qualquer necessidade. A mão por dentro do paleto repousava no cabo da arma, enquanto os olhos mantinham-se no doutor. Ele respirava fundo. Nao gostava de intrometer-se ainda mais do que ja tinha as mãos sujas em toda essa historia.

- Vincent Pizzetti... ou Adam Corleone – Ele respondia direta. Era o chefe de toda a organização e quem cuidava da segurança da área. – Se Giovanni está tendo problema com algo que diga respeito a este mundo.. é com eles que pode buscar ajuda.. agora.. se o garoto andou se metendo com a mulher de alguem.. ou outro tipo de confusão.. seus seguranças podem resolver logo que ele acordar..

Ela sentava, pensando um pouco para responder a pergunta mais fácil que ele tinha lhe feito até agora. Não estava bem, claro, mas precisava estar. Então voltava a menear a cabeça, olhando-o tão logo se acomodasse.

- Eu... estou bem. Preocupada com Giovanni... e por Vittorio não estar aqui... é tudo... - Murmurava, minimizando as coisas.

E ele queria fazer exame? Seu instinto materno gritava para lhe dar ouvidos, mas se parasse para cuidar de si agora, todo o resto ficaria para trás, e ela não podia se dar a esse luxo. E a julgar pela expressão dela, aquela pausa estava fora de cogitação, doutor.

- Depois...! Agora eu.... preciso tomar o controle da situação, aqui... - Prosseguia, tentando manter o tom de voz firme.

Era difícil falar sobre suas preocupações sem revela-las... porque por mais que aparentemente o doutor fosse de confiança, e Giuseppe estivesse a um passo de distância, não achou prudente desaguar em cima dele. Mas também não dava para disfarçar quando ele dava aquele conselho. Uma pessoa a quem se dirigir, era tudo o que precisava. E a pergunta vinha imediata na mesma proporção que o arrepio na espinha ao ouvir aquele primeiro nome. Vincent? Mellanie tinha levado tão a sério a última conversa com Vitto a respeito do homem, que sequer havia pensado na possibilidade. E apesar de ser razoável, não gostava do sabor amargo na boca em saber que estava correndo pra única pessoa no mundo que Vitto tinha feito restrições. Engoliu seco.

Mas vinha outro nome... uma corda no abismo, talvez, não fosse pelo fato de Mellanie jamais ter escutado falar nele. Adam Corleone. Trocou um olhar com Giuseppe. Queria saber mais sobre aquele homem, mas não queria fazer as perguntas na frente do médico. Se levantou ainda meio titubeante, mas se endireitou e esticou a mão ligeiramente umida de suor frio para ele.

- Eu... preciso pensar um pouco sobre tudo isso, doutor. Agradeço... ter atendido tão rapidamente nosso chamado, e... tenho certeza que poderei contar com você, em qualquer caso de necessidade... - Ela dizia pausadamente.

Jacoob oferecia seus prestimos para cuidar de Mellanie e de sua gravidez, mas a mulher parecia irredutivel em se mostrar como a grande rainha do tabuleiro. Ele ainda iria insistir nao fosse a postura adotada pela noiva de Vittorio.

- Tudo bem, mas eu recomendo que tente descansar um pouco. Esses baques emocionais, nao fazem bem à gestação. – Ele avisava, enquanto respondia a pergunta sobre quem procurar. Percebia a tensão que se fazia. E esperava o que mais poderia fazer para ajuda-la. Ela despedia-se e Jacoob deixava o olhar serio emoldurado pelo belo sorriso tomar o rosto.

- Eu fiz meu trabalho.. – dizia entregando para ela a receita medica dos antibioticos necessarios para Giovanni. – Faça com que ele tome a medicação prescrita. – avisava apertandoa mão que lhe era extendida. Giuseppe sinalizava para que um dos seguranças cuidasse de leva-lo para fora e aproximava-se de Mellanie para saber dela as instruções que deveria tomar de agora em diante.

- O que quer fazer, Senhora? – Ele perguntava. Os olhos claros voltados para ela. É seu cão de guarda Mell, se disser pra ele latir, ele late.

Mellanie apenas concordava com a cabeça, sabendo que o médico estava certo. Mas ela não podia parar... não agora. E a luz no fim do túnel vinha quando ele dava nomes. Não o primeiro, mas o segundo chamava atenção. Devia ser alguém importante, mas ela não conhecia. Resolveria a questão em breve. E como queria tomar as providências longe dos olhos estranhos, se levantava para receber as receitas e despedir-se do médico.

- Ele será muito bem cuidado, Doutor, te garanto... - Dizia - ...e seu trabalho pronto e competente não será esquecido. Muito, muito obrigada... - Murmurava, deixando-o ser conduzido para fora.

E o respiro fundo, que vinha para reorganizar as ideias e ignorar a pontada na lateral da costela, quando a voz de Giuseppe a atingia. O que ela queria fazer? Fechar os olhos e começar o dia de novo. Mas aquela não era opção...

- Saber quem é Adam Corleone... - Dizia, apoiando os remédios no sofá - ...e se eu gostar do que ouvir, que você o busque onde quer que ele esteja para conversar comigo aqui em casa...

Jacoob se retirava da casa, deixando Mellanie a sos com seus seguranças e a lista de medicamentos que precisavam ser adquiridos. Do andar de cima apenas a vozinha de Alli perguntando porque não podia ir para a escolinha hoje brincar com os amiguinhos poderia ser escutada e Dona Lara dando uma resposta qualquer para acalmar a pequenininha.

Giuseppe se aproximava quando era requisitado apos ter feito a pergunta de um milhão de dolares. Sem o Imperador do reino, todas as deliberações cabiam am imperatriz, não era assim? Fosse tomar uma atitude fosse se reunir com seus subordinados. Ela questionava sobre quem era o Caponne, ele meneava a cabeça.

- Ele é o nome abaixo de Vincenti Pizzetti. – Sabia que Mellanie poderia não estar a par de todos os negocios de Vitto e nem de como tudo aquilo funcionava, Mas tinham um outro problema que era o desaparecimento de Vittorio Barletta em terras estrangeiras, e logo logo os telefonemas de Don Vincenzzo ja começariam a chegar. Ela queria que Giuseppe fosse busca-lo, ele meneava a cabeça. – Adam não vem a ninguem abaixo dele. Terá que ir até ele, ou a Vincent...

E se estivesse decidida a entrar de sola no submundo Mellanie, ele a levaria. Para sua primeira inserção na Cantina.

Mellanie ignorava deliberadamente o nome de Vincent, concentrada em extrair o perfil de Adam. Se ele estava abaixo do cabeça da organização, então estava acima de Vitto? Meneou a cabeça porque a informação não ajudava. Importava que fosse da competência do homem o que tinha acabado de acontecer com Giovanni.

E a ideia de busca-lo era dada quase ao mesmo tempo em que Giuseppe a informava que ele não viria. E o punho que se fechava de frustração. Ela não era alguém abaixo dele. Era uma mulher desesperada, e só! Mas se descontrolar não a ajudaria em nada e ela respirava fundo.

- Então nós vamos sair... - Ela avisava - ...tome qualquer providência que tenha que ser tomada para irmos atrás dele... eu já volto.

E só passava no quarto antes para tranquilizar a filha... e fazia de tudo para a mãe não perceber o estado do seu nervosismo, o que era uma besteira, porque Lara a fazia perder vários minutos tentando convence-la a não sair de casa depois do que tinha acontecido, ou pelo estado de nervos que ela se encontrava.

Pedia para não saírem do quarto, muito menos de perto dos seguranças, que ela ia voltar o quanto antes para casa. Estaria no celular o tempo todo e também não sairia de perto de Giuseppe. Era seu único plano, e ele tinha que dar certo. Apanhava a bolsa e tornava a ignorar o mal estar. Mais um pouco, e talvez estivesse livre para cuidar um pouco de si mesma.

- Estou pronta...